Elizabeth Bishop






Fui ver o filme Flores Raras sobre  a poeta norte-americana Elisabeth Bishop. Honestíssimo. Fiquei pensando em todo mundo que eu conheço que é  timido, aparentemente sem graça, inábil socialmente, assim como ela. Fiquei com vontade de por todos eles no colo e dizer "é isso mesmo, tá tudo certo" e "tudo bem ser assim, é legal ser diferente" e então , como eu não posso parar todo mundo na rua e dizer esse tipo de coisa, eu escrevo aqui , na esperança de que eles leiam um dia :*



Sobre ela , um texto interessante.
A arte de perder não tem mistério;
Com tantas coisas propensas a serem
perdidas,
A perda delas não é nenhum desastre.
Perca algo todos os dias. Aceite a irrequieta frustração
De perder as chaves da porta, de desperdiçar tempo.
A arte de perder não tem mistério.
Comece então a perder mais, e mais depressa;
Lugares, nomes e o destino de sua viagem.
Não é nenhum desastre.
Eu perdi o relógio de minha mãe. E mais!
Minha última, ou penúltima casa, também se foi.
A arte de se perder não tem mistério.
Eu perdi duas cidades, muito queridas. E, mais ainda,
Alguns domínios que eu possuía, dois rios e um continente.
Sinto falta deles, mas não foi nenhum desastre.
Perder você inclusive (sua voz gozadora,
um traço que adoro) não me fará mentir. É evidente
Que a arte de perder não tem lá tanto mistério,
Embora pareça (escreva a palavra!) um desastre.

Comentários

Unknown disse…
n o r t e & s u l / n o r t h &s o u t h (1946)

O ICEBERG IMAGINÁRIO

O iceberg nos atrai mais que o navio,
mesmo acabando com a viagem.
Mesmo pairando imóvel, nuvem pétrea,
e o mar um mármore revolto.
O iceberg nos atrai mais que o navio:
queremos esse chão vivo de neve,
mesmo com as velas do navio tombadas
qual neve indissoluta sobre a água (...)

O iceberg seduz a alma
(pois os dois se inventam do quase invisível)
a vê-lo assim: concreto, ereto, indivisível.