Pão dura é a mãe

Ô meu Deus. Eu não sou a única!!!!E , olha... não é pão dura, o certo é "responsável economicamente" . AmeiPonto.
Quando agente começa a falar de $$ o povo imagina isso:



Mas não é bem assim, é mais um descolar-se do senso comum. Por aí se exalta o  "viver intensamente" como se viver intensamente fosse gastar dinheiro...Aí é que está a questão. Eu tenho o exemplo da minha vó, que foi muito feliz  a vida toda, e ela não conhece nenhum país estrangeiro, ela não saía pra comer fora todo fim de semana ( até pq naquela época isso era impensável), ela não tinha roupas de marca, nem era parte de nenhuma elite cultural ( que precisa manter o status de elite cultural comprando roupa descolada, acessório descolado, viagem descolada, desde a época de Mário de Andrade), mas era feliz, sabe? Nunca vi minha vó falar em depressão, nunca vi ela reclamar de que não tinha, não podia isso ou aquilo. Sempre cuidou da saúde, sempre comeu bem e se arrumou como podia, mas olhando para trás  eu vejo que ela não queria "aparecer" para tal ou qual pessoa. Ela vivia , e vive, a vida dela. Não precisa ter carro x, casa na praia, apartamento não sei onde. Ela não era classe média enfim. Era da classe operária, essa é a questão! Acho que é daí que vem meu feeling operário, a minha sensação de que o dinheiro é algo a ser ganho com trabalho e deve, portanto, ser cuidado. Não tenho nenhuma ilusão quanto a ele. Eu sei que eu é que pago minhas contas e , portanto, devo saber quais são elas e quais manter ou não!




Esses dias tava lendo o Dinheirama, e vi a frase que, me parece, é um ditado popular " Pai rico, filho nobre, neto pobre" e eu vejo muito disso por aí: as pessoas querem viver como nobres, querem ser bem tratadas pela vida, não querem trabalhar a não ser que seja no emprego dos sonhos( isso eu estou falando de um povo classe média),  querem gastar, gastar , gastar. Como não é possível seguir assim incansavelmente ( Veja Baudelaire que gastou quase toda sua fortuna, mesmo sendo imensa) pq o dinheiro tem um limite físico, aí vem a depressão. Puxa, será que compensa? Para mim não!!!Eu prefiro mesmo gastar menos do que ganho, mesmo que isso não tenha tanto glamour. A recompensa vem quando vc percebe que o $$ não é tudo o que pode te fazer feliz. Ele é necessário e é preciso tê-lo, agora e no futuro, mas não é tudo!

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Comentários

Unknown disse…
Oi Li
Essa coisa de gastar dinheiro e ser o que não é, ou tentar ser o que não se é, é muito antiga.
Outro dia, num dia de fúria, depois de mts problemas com gente que precisava ser transplantada e não deu certo, um medico mais velho, disse que todas as respostas que você precisa na vida, estão em Shakespeare e na bíblia. O problema é que não sabemos nem de um nem de outro, mas se a gente prestar atenção... então alguém fez um paralelo entra a família da pessoa que iria receber o órgão e na ultima hora não recebeu , com a história de Job. Minha enteada outro dia me fez uma pergunta a queima roupa: o que tem essa história demais? Alguém contou a ela que era a história das mais antigas do mundo oral. Achei a explicação em Dança Macabra, Stephen King (Job/Jó é “colocado na incomoda posição de julgar a Deus e ao diabo como se fosse um arbitro numa final de copa do mundo”). O detalhe macabro é que o pobre tem tudo, filhos abundantes, riqueza idem, e tudo perde. Perde também a saúde. Fica leproso ou tem algo terrível do tipo (em tempo, a hanseníase, já que não é politicamente correto falar leproso, lazarento, lazareto, etc. é uma doença que a inda persiste hoje, mas por algum motivo que desconheço, ela não é comentada, a não ser em espaços específicos. É uma doença de notificação compulsória que não tem divulgação nenhuma. Talvez seja porque a imprensa e demais, pensando no bem estar do cidadão, não divulguem esses dados, evitando alarmar demais a população – assim, as pessoas não ficam assustadas em excesso e não compram em excesso, ou não se mortificam em excesso! Será?). Mas o pior de tudo, mesmo, é que reza a lenda, foi Deus (e o diabo, que estava entediado de andar e passear pela terra, que segundo a historia, é dele, ou dela, o príncipe deste mundo (ou não?), que convocam ao pobre homem, outrora rico. A Yara fez uma cara quando perguntou, incrédula: “Ei, mas foi Deus mesmo que fez isso? [Que malvado! Do diabo a gente espera qualquer coisa...]” Eu espero arranjar uma boa resposta em algum próximo livro, Lovecraft , ou quem sabe na coleção de Hitchcock.
Unknown disse…
...Então, eu imagino que quando o pobre príncipe de Dinamarca (um pais de grife, até no nome? Dina “marca”?) diz ser ou não ser?, poderia estar também se referindo a hipocrisia? Nós desejamos ser aquilo que não somos porque detestamos o que somo de fato? Isso implicaria em saber mais sobre nós mesmos, mas...
Falando em “politicamente correto”, em Hamlet, em Deus e diabo e em perder tudo, parece que não é de hoje que tentamos o efeito de dizer que se algo deu errado, o problema é que eu fui tentando (afinal de contas, nos 13 pecados capitais cabem muita coisa!, inclusive gastar mais do que se tem).
Agora é mesmo impressionante o quanto de gente gananciosa habita as historias shakespearianas.
Há, o órgão do transplante o rim esquerdo (o doador só tinha um único rim), foi levado para outro serviço, parece que alguém acabou se beneficiando, no fim das contas, Zeus é pai!.

Uma coisa que mostra o quanto muita gente tem visões distorcidas sobre o ter e o ser, me ocorre quando as pessoas falam que quando estão deprimidas (ninguém é obrigado a usar esse termo, como se fosse psiquiatra eu versado em comportamento humano, não é?) que não vão fazer analise, ou buscar equilíbrio espiritual- elas preferem ir ao shoping! Tente mandar ir ao shopping alguém que teve uma perda, uma de vdd (penso nos familiares e amigos dos adolescentes de santa Maria, agora, só para ficar numa situação de momento). Não há shopping que resolva isso, eu acho. Mas então parece que é melhor, mais barato (já viu quanta gente reclama de procurar ajuda profissional para questões espirituais ou do conhecer a si mesmo?), é mais giro, ir fazer compras, eu não mereço? Todo mundo diz que eu mereço, o prefeito corrupto, a propaganda de casas novas, os classificados, os vizinhos gastões, as lojas em promoções (ou off prices), todos imploram para você gastar o que não tem porque pode não haver amanhã, e claro, se você for uma boa pessoa, no paraíso terá uma fortuna – alguém disse que São João o apóstolo, descreve uma cidade com diamantes, rubis e safiras no chão e ouro nas paredes.
Há, o órgão do transplante o rim esquerdo (o doador só tinha um único rim), foi levado para outro serviço, parece que alguém acabou se beneficiando, no fim das contas, Zeus é pai!.
Para terminar,
A loira

"Vai, e apanha uma estrela cadente,
Engravide uma raiz de mandrágora
Diga-me onde estão todos os anos passados,
Ou quem fendeu o pé do demônio
Ensina-me a ouvir sereias cantarem,
Ou a evitar a ardência da inveja,
E descobre qual vento
Serve para aprimorar uma mente honesta.


Se tu encontrares uma [mulher honesta], manda avisar-me,
Tal peregrinação seria doce,
No entanto não vai, eu não iria,
Apesar de podermos nos ver na casa ao lado,
Apesar d'ela ter sido real quando a encontrou,
E, por fim, até que tu escreva tua carta,
Ela já será falsa, lá vou eu, no dois, ou três."


JOHN DONNE "Uma Canção"
(1572-1631)