As Horas

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Sabe aquela brincadeira de que se nós, mulheres, não tivéssemos nos emancipado, não teriamos que acumular funções?Eu realmente tenho arrepios quando a ouço.
Eu penso se vou ter que lembrar à pessoa que nós devemos TUDO ao movimento feminista?!
* poder entrar num restaurante e comer, acompanhadas ou desacompanhadas, como bem quisermos.
*ter conta no banco, direito a voto, direito ao divórcio.
* direito a compartilhar as responsabilidades com os filhos.
*a escolher se quer casar, se não quer.
* se quer ter filho, se não quer.
* pelo amor de Deus, ter o próprio trabalho e próprio dinheiro!!
* escolher se quer beijar, quem quer beijar, aonde quer beijar( e aqui cabem as duas interpretações hehe ).
*tomar a iniciativa, ter vida sexual satisfatória.
 Nossa é tanta coisa boa!
A vida delas devia ser tão dificil!Pura passividade e sorte... se casavam bem, eram felizes(possivelmente poucas sortudas- mundo machista), se casavam mal, ou o amor acabava, tinham que se resignar, e, se não casavam, eram a escória.
Deus me livre e guarde de nascer em qq época que não a minha. Eu devo simplesmente TUDO  à elas. Agradeço todos os dias por terem me dado a possibilidade de reinventar minha vida livremente.
Será que se vivesse na época delas eu teria tido a coragem de encabeçar o movimento? Quando precisei me separar, e o amor e a admiração que eu sentia pelo meu ex acabaram, eu simplesmente sentia que ou eu me reiventava ou eu morria (de tédio ou talvez de ódio)- como não sou muito afeita à uso de drogas e psicotrópicos-que-ajudam-a-esquecer-o-cotidiano, eu tive que me reinventar.Acredito que muitas dessas pioneiras tiveram a mesma sensação, só que enfrentando barreiras maiores. Poucas tinham empregos por exemplo, e ter o próprio dinheiro é fundamental para fazer esse tipo de escolha. Eu lembro que logo depois do divórcio, eu morava num bairro de gente muito antiga, as pessoas passaram a me olhar diferente, isso foi um ponto fundamental na minha escolha quando precisei mudar de casa- eu me mudei para um bairro mais caro, um pouco fora do orçamento de uma mulher recém separada, mas com uma vizinhança mais heterogênea, mais agradavel. Eu já precisava me adaptar a uma nova vida, não queria ter o trabalho de ficar me impondo para quem tá lá no século IV... E, para me ajudar, fico pensando que as minhas antecedentes do interior da frança, no século XVIII  após o divórcio, ou se queriam trabalhar numa profissao masculina, tambem se mudavam para Paris, afim de serem mais felizes, rs.
Esse fim de ano pensei muito sobre isso, e decidi que também quero fazer mudanças para o mundo das minhas filhas: resignificar a cultura é parcela que cabe a cada um de nós, o tempo todo.
Esse é um dos motivos que quero trabalhar menos em 2010. Acho muito legal a profusão de mulheres que resolveram dividir a importancia da carreira, com a importancia da maternidade. Afinal, entrar numa roda viva trabalhar-ganhar-gastar é tão pouco crítico!Não estou falando aqui das que precisam trabalhar oito horas por dia para criar os filhos, estou falando das que abdicavam de criar os filhos que quiseram ter, por uma carreira "no topo do mundo", ou mesmo pelo status de consumos duvidosos, e não são felizes com isso.
Entao 2010 é um ano chave para mim, por que eu decidi, levada a uma sensação de que minhas filhas ( de 10 e 8) estão crescendo e logo sairão de casa, que vou curtilas ao máximo, trabalhar meio periodo, trabalhar em casa, me reiventar novamente....Quando agente pega gosto por essa coisa da reinvenção .... agente pega gosto, não dá para fazer diferente.

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